Um homem mudado e que deixou as polêmicas da carreira completamente para trás. Assim está o experiente zagueiro Alex Silva, o “Pirulito”, aos 31 anos e prestes a encarar sua quinta Libertadores, agora vestindo a camisa do Jorge Wilstermann, da Bolívia. Marcado por sua passagem vitoriosa no São Paulo, o jogador se apegou à religião e garante estar mais maduro do que em episódios de anos atrás.
Prestes a ser pai pela terceira vez, agora de uma menina – já tem dois meninos, Miguel e Matheus, e sua esposa está grávida de cinco meses de Emanuella -, Alex acredita que a busca pela fé colocou o desafio de voltar à principal competição continental em seu caminho após disputar, em 2016, a segunda divisão do Campeonato Catarinense pelo Hercílio Luz.
– Essa transformação na minha vida vem de Jesus Cristo, de Deus. A partir do momento em que busquei na fé um caminho de transformação, de restauração, acredito que me transformei por inteiro. Me deu mais mansidão, tranquilidade, confiança e paciência em determinadas situações. Tenho que ressaltar que o evangelho transforma o ser humano em bom pai, em bom marido, bom filho e bom profissional. E isso não tem idade. O que vivi no passado foram coisas onde não sabia diferenciar o errado do certo. Acredito que hoje estou colhendo frutos do que estou plantando. No passado, não tive uma estrutura na carreira.
Entre os momentos mais difíceis, ele destaca a saída conturbada do Flamengo. Contratado em 2011 junto ao Hamburgo-ALE, o zagueiro não teve boa passagem pelo Rio de Janeiro. Depois de ser afastado, chegou a ser emprestado para o Cruzeiro e retornar, mas não se firmou. Sem se arrepender, Alex destaca a decisão de deixar o Rubro-Negro, em 2013, como a mais errada que fez.
– Foi um erro por ouvir e ir pela opinião de outras pessoas, achava que queriam meu bem, me ajudar, mas só me prejudicaram fora de campo. Um jogador que veste a camisa do Flamengo não pode sair para uma Série B do Brasileiro (deixou o clube e foi para o Boa Esporte na época). Acabei me lesionando de forma grave, parei por seis meses, e ali minha carreira começou a declinar. As coisas começaram a não dar certo e comecei a focar em outras coisas que não eram o futebol, coisas do mundo, e cada vez mais ia me afundando e me prejudicando (o álcool foi uma delas – em 2014, foi detido por dirigir embriagado).
Sobre a passagem pelo Flamengo, ele ainda lamenta a forma de tratamento que teve da diretoria que comandava o clube na ocasião.
– Lembro que o Paulo Pelaipe me chamou e disse que eu não tinha mais clima no Flamengo, que o melhor era rescindir o contrato e sair. Minha intenção era continuar, mesmo afastado, e cumprir meu contrato. Mas por pressão do Pelaipe, que disse que eu era jovem e poderia procurar outro clube, acabei rescindindo meu contrato, que ia até o fim de 2014. Em momento algum o Flamengo quis recuperar o dinheiro que gastou – relembra.
Páginas viradas, o zagueiro já chegou ao Wilstermann com status de titular e atuou nos cinco jogos disputados pelo Campeonato Boliviano neste ano. Foram duas vitórias, contra Real Potosí e Sport Boys, e três derrotas, para The Strongest, Blooming e Guabira. Mesmo com um elenco experiente, a equipe sabe que a vida no grupo 5 da Libertadores, que também conta com Palmeiras, Peñarol e Atlético Tucumánnão será nada fácil.
– A adaptação já está tranquila, estou acostumado com a altitude e entrosado com os companheiros. Temos uma equipe boa, muito rápida na frente. Temos dois brasileiros (além dele, o meia Thomaz),alguns argentinos (Cristian Chávez, ex-Boca Juniors, é o principal deles). Time experiente, com atletas de seleção boliviana. Acredito que temos tudo para fazer uma boa Libertadores, apesar de não ser fácil pelos rivais que temos. O treinador aqui (o peruano Roberto Mosquera) é um amante do futebol brasileiro, já disputou várias Libertadores pelo Alianza Lima. O importante é que estou feliz e vivendo fase excepcional. Agora é dar sequência no trabalho.
A caminhada na competição sul-americana começa em casa no dia 7 de março, terça-feira, contra o Peñarol, e os confrontos contra o Palmeiras estão marcados para os dias 15 de março e 3 de maio. Se depender do retrospecto de quando vestia a camisa tricolor, quando foi tricampeão brasileiro e chegou à seleção brasileira, bom sinal: apenas duas derrotas em 10 jogos – foram seis vitórias e dois empates.
Share this content: