No sapato: rubro-negros vibram com pisão e dão abraço “fake” no gol rival

“Onde estiver, estarei, ó, meu Mengo”. Com esse mantra rubro-negro postado em uma foto na Allianz Arena, o publicitário carioca Leonardo Mizrahi, de 30 anos, viralizou na internet e burlou nesta quarta-feira o veto à presença de torcedores do Flamengo na condição de visitante pelos três próximos jogos, punição imposta pelo STJD em função da briga entre flamenguistas e palmeirenses no duelo do primeiro turno. Acompanhado do também carioca Thiago Mateus, Leonardo assistiu ao empate por 1 a 1 com o Palmeiras dentro da massa alviverde e contou como foi controlar a emoção em meio à desconfiança de seus vizinhos de arquibancada.

– Sou carioca, Flamengo roxo, mas estou morando em São Paulo. Quando soube que o Flamengo ia jogar em São Paulo e que eu não poderia assistir o jogo me bateu aquela coceira, aquele desespero. “Como assim o Flamengo vai jogar aqui, e eu não vou?”. Só precisava achar mais um maluco que comprasse que essa ideia, e o Thiago estava empolgadão com o jogo também. Foi muito mais difícil do que achei que seria. O Flamengo entrando em campo, e a gente com a maior vontade de pular, de torcer. E a galera em volta meio mal-encarada estava desconfiando. Eu conversando com o Thiago e tentando fazer um sotaque de paulista. O Thiago parecia o filho do Faustão com a Nair Belo, com um sotaque forçado pra caramba (risos). Meu sotaque, por mais que eu treine, não chega nem a 50% de um paulista. Então chegamos à conclusão de que era melhor ficar quieto, mas é muito difícil ficar quieto com o Mengão jogando – iniciou a história.

Cientes de que a imitação de um paulista não convencia, trocaram a estratégia. Se controlaram em parte com o gol de Alan Patrick, mas o pé de Thiago Matheus está doendo até agora. Já no de Gabriel Jesus demorou cair a ficha de que era necessário vibrar. Rolou um abraço “fake”, mas nem mesmo o empate palmeirense diminui a empolgação de Leonardo.

– Achei uma tática: dar uns gritos nulos, neutros. Por exemplo, ia ter uma disputa de bola, e gritávamos “ganha”, “vai”, “marca”, “corre”. Foi o jeito que achei de torcer de algum jeito. Tinha hora que o clima ficava ruim. Quando saiu o gol do Flamengo, tirei força de dentro para não gritar, só que dei um pisão no pé do Thiago que está doendo até agora, foi o jeito que consegui me comunicar com ele (risos). E o Thiago aproveitou para dar um grito: “Filho da…” (para mostrar a “frustração com o gol flamenguista). Ele está mancando até agora. No gol do Palmeiras, eu esqueci de comemorar, fiquei meio triste por instinto. Aí o Thiago me deu uma chacoalhada para dar uma puladinha para disfarçar, abracei o cara que estava do meu lado. Foi uma prova de fogo, mas estamos vivos, rindo, e o cheirinho de hepta está ficando mais forte – empolgou-se.

O economista Thiago Mateus, de 31 anos, tem como obrigação pessoal acompanhar sempre que o Flamengo está perto dele. Mora na cidade de São Paulo e viveu emoção parecida nos 5 a 4 sobre o Santos, em 2011. Naquela situação, porém, a torcida visitante não havia sofrido qualquer restrição, e ele pôde vibrar com a virada histórica sem medo de ser feliz.

– Se estou perto do Flamengo, independentemente da posição, eu não consigo ficar em casa. Não adianta STJD achar que vai afastar a nação, o Flamengo é muito grande e vai continuar precisando sempre da nossa ajuda para ter esse tamanho que ele tem. Hoje de fato era um jogo decisivo, e não tinha a menor condição de você saber que o Flamengo estava a pouca distância sem estar lá. Mesmo que calado, de maneira contida, estávamos dando força, secando cada ataque do Palmeiras, como foi no segundo tempo, disso tudo não dá para abrir mão. Foi uma experiência muito tensa. A palavra que define tudo é tensão, ainda mais depois daquele segundo tempo em que largamos com 1 a 0 mesmo com um cara a menos. Em todo ataque do Palmeiras os caras estavam desesperados do nosso lado, e nós rezávamos para São Judas Tadeu evitar que descobrissem que somos Flamengo e para tirar cada uma daquelas bolas. Estamos vivos, e o cheirinho de hepta no Parque Antártica (Allianz Parque) estava violento, aumentando (risos) – emendou.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2016/09/no-sapato-rubro-negros-vibram-com-pisao-e-dao-abraco-fake-no-gol-rival.html

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