Tranquilo fora, mas exigente em campo. É assim que se define Luis Andrade, técnico do time feminino do Flamengo. No rubro-negro há pouco mais de dois meses, o português comandará o ambicioso projeto do clube para a temporada. O primeiro capítulo dessa caminhada será escrito no domingo, quando o Fla enfrentará a Esmac, do Pará, no Luso Brasileiro, às 10h30, pelas quartas de final da inédita Supercopa do Brasil feminina.
Nascido em Lisboa, Luis Andrade deu os primeiros passos no futebol jogando com amigos nas ruas da cidade. Depois, passou pela base do Sporting, até chegar ao Benfica, onde viveu o auge da carreira como profissional. Como jogador, disputou os Jogos Olímpicos de 1996.
— Não havia campos sintéticos, então nós jogávamos na rua. Nossas balizas eram com mochilas da escola e pedras. Era totalmente diferente, mas era o jogo que nós adorávamos — revelou.
Ao fim da carreira profissional, seguiu no futebol como coordenador das divisões de base de clubes de menor expressão de Portugal, até que, em 2018, chegou ao Benfica com a missão de coordenar o futebol feminino.
Depois de um ano como dirigente, Luis recebeu o convite para treinar as mulheres da equipe profissional do clube, e não hesitou em aceitar. Segundo ele, já era apaixonado pela ideia de jogo do futebol feminino. Em duas temporadas no comando das Encarnadas, conquistou a Taça da Liga e a Supertaça. Ao todo, teve 86% de aproveitamento, com 30 vitórias em 35 jogos.
Agora, o “Mister”, como é chamado, tem no ambicioso projeto rubro-negro o maior desafio da carreira. Internamente, fala-se em vaga para a Libertadores já em 2022, e a conquista de grandes títulos em 2023, para enfrentar a predominância paulista no futebol feminino.
— O Flamengo é um clube muito grande. Digo que é o maior do mundo, com a maior torcida do mundo. Está fazendo uma aposta muito grande no futebol feminino. Fiquei muito orgulhoso com o convite do André Rocha (coordenador) — afirmou o treinador.
É verdade que o Flamengo tem feito investimentos na equipe. E já colhe os frutos. Depois de dois anos, o time voltou a ter uma jogadora convocada para a Seleção. Duda, principal reforço para 2022, é titular da amarelinha. Ex-São Paulo, onde foi vice-artilheira do último Brasileirão com dez gols, a meia-atacante será a dona da camisa 10 rubro-negra.
— Fico muito feliz de estar aqui. Todo mundo sabe que o Flamengo é um time foda. A gente vem trabalhando muito e acho que o futebol feminino precisa disso — falou a craque na apresentação do elenco.
Com Duda, o Fla trouxe também outras oito jogadoras. Entre elas, Maria Alves. A atacante, que jogou no Palmeiras na última temporada, esteve dois anos na Juventus, onde foi bicampeã italiana e ganhou o apelido de Flash 2.0, pela rapidez.
Afetuoso com as divisões de base, Luis Andrade, que celebra a parceria com a Marinha e classifica a estrutura do clube como “fantástica”, afirma que trabalha em conjunto com o técnico da equipe sub-20 para estabelecer uma integração e fortalecer a filosofia técnica, tática, coletiva e individual do Flamengo. O português, que não entra em detalhes sobre táticas, não hesita ao dizer como pensa a equipe.
— Quero um futebol simples, prático e eficaz. Jogar o mais simples possível e ganhar os jogos. Aí é sempre o melhor do mundo. Quero que o futebol do Flamengo seja uma surpresa. Vou deixar para a nação ir nos apoiar e ver como as meninas jogam, porque elas sabem. Trabalham todos os processos. Construção, finalização, transição. Isso que quero ter. Uma equipe rápida e veloz — falou.
Além do Mister, Maria Alves também mandou um recado aos rubro-negros: — Será um ano eletrizante. Vamos ser muito felizes e trazer títulos. Se preparem.