Acho um exercício difícil, depois das últimas rodadas, pensar com sobriedade a respeito do nosso ano. A queda de produção num momento crucial da temporada decepcionou a todos nós.

A volta ao Maracanã não nos trouxe o aproveitamento esperado, mas é preciso ponderar o desgaste físico do ano, as viagens de um ano inteiro sem casa e tudo aquilo que passamos em um ano de viagens. Mesmo assim, se engana quem faz pouco da necessidade de uma casa.

O Palmeiras, cada vez mais campeão brasileiro, tem fantástico aproveitamento em seus domínios. É preciso ser um mandante implacável e um visitante indigesto para almejar o título. Tivemos ótimo aproveitamento em Cariacica e precisamos destacar a importância de brindar nossa torcida em todo o país. Mas é preciso ter casa.

A Odebrecht não quer mais o Maracanã. O Governo do Estado, inteligentemente, não quer a responsabilidade e o ônus desse templo “quase” elefante branco. O Maracanã se modernizou e custa caro. Precisa ser utilizado para outros fins, diferentes do futebol, mas para que permaneça um estádio, mais do que futebol, ele precisa do Flamengo.

O Fluminense acena com seus próximos jogos em Edson Passos. Para o ano que vem, pode pensar em dividir o Engenhão com o Botafogo, que não tem mais tamanho, receita e pujança para chamá-lo de casa sem ajuda ou divisão. O Vasco deve continuar em São Januário. Qual será o nosso caminho? Maracanã? Uma nova casa?

Durante a última semana, foi ventilada uma suposta negociação entre a Odebrecht e a empresa francesa Lagarde. O contrato de concessão seria repassado pelo valor de 40 milhões de reais. Muita especulação, pouca coisa concreta. A verdade é que entrando com parceiros e disputando a administração do Maracanã ou simplesmente firmando contratos de aluguel, um modelo definitivo se mostra urgente.

Caso a Lagarde realmente consiga “levar” o estádio com essa manobra, é fundamental que tenhamos capacidade de agilizar negociações em bons termos para que não precisemos nem pensar em viajar. Um 2017 competitivo passa por uma casa forte e bem estruturada, reduzindo desgastes e colhendo bons resultados. Dentro deste cenário, é preciso pensar e colocar em prática a opção de uma casa própria.

É pouco provável, que o novo prefeito do Rio pretenda se indispor com a associação de moradores que tanto atrasa o sonho de um estádio na Gávea. Assim, é preciso pensar rápido em opções e buscar parceiros. Além da possibilidade de negociarmos o espaço de alguma aparelhagem olímpica.

A partir daí, pensar em modelos ágeis de execução será fundamental. A credibilidade alcançada nos últimos 4 anos permitirá a busca por parceiros e facilitará o crédito. Considerando a dificuldade e o esgotamento geográfico do Rio, é mais fácil pensar em um estádio que seja estádio, não tanto uma Arena.

Dentro de um projeto como esse, o segredo será um custo operacional pequeno, áreas com ingressos populares e uma série de medidas que possam rentabilizar o projeto além dos jogos. Isso começa no desenho do projeto e termina no tipo de grama que deverá ser utilizada.

Fato é, que com a decisão definitiva de investirmos em uma casa própria, o Maracanã tende a morrer como estádio. E esse é o principal argumento para conseguir uma vaga nessa disputa, ou um belo contrato de uso com a próxima administradora. O Flamengo continuará sua história sem o Maracanã. A recíproca não parece ser assim tão verdadeira.

Meu sonho dourado? Um estádio pra 25 ou 30 mil pessoas na Gávea e um contrato vantajoso com o Maracanã. Se a matemática tornar possível termos só o Maracanã, também topo. Mais do que do futebol, o Maracanã sempre foi a casa, o templo do Flamengo.

 

Thigu Soares
Twitter: @thigusoares

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2016/11/o-fator-maracana-2/

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