Há situações que mexem com o ser humano, mesmo depois de ter passado por diversos tipos de experiência. O ex-meia Andrezinho, revelado pelo Flamengo e com passagens por Internacional, Vasco e Botafogo, entre outros, teve uma inesquecível recentemente. O ex-jogador, campeão carioca com Rubro-Negro e Glorioso, além da Sul-Americana e Libertadores com o Colorado, teve uma experiência que pode considerar como título talvez até maior do que esses, pela oportunidade.
Em uma visita ao CT do Ninho do Urubu, Andrezinho foi ao local ver como é hoje a instalação de uma casa de garotos da qual passou quando era jovem, quando foi revelado pelo Flamengo. A ideia era ver como hoje a estrutura anda muito melhor, mas ele acabou sendo chamado pra uma conversa com os garotos, para contar um pouco como é subir da base para o profissional e alimentar sonhos.
Andrezinho, mais do que isso, acabou por mandar uma mensagem de força para os garotos ainda abalados pelo incêndio neste ano que gerou mortes de ex-companheiros. E, em entrevista ao , na Brasil Futebol Expo, revelou que fez um pedido para que esse fato não fique na cabeça dos garotos.
“Conversei, sim, com os garotos. É inevitável que esse acidente, essa tragédia, essa fatalidade, faz a gente repensar muitas coisas. E o Flamengo hoje, querendo ou não, está pagando um preço por isso, um preço muito alto. Não falo só financeiramente, mas também de credibilidade, em termos de um pai ou uma mãe depositar a confiança do seu filho, de o Flamengo cuidar do seu filho. Porque quando você vai fazer um teste, principalmente os atletas que não residem no Rio de Janeiro, acaba o Flamengo tendo essa responsabilidade de ser a família do jogador. E por ter tido essa fatalidade, muitos colocam em cheque”, afirmou Andrezinho, que completou:
“Mas os meninos, muitos dos que estão lá hoje, são companheiros dos que, infelizmente, se foram. Eu só pedi para que eles focassem no futebol, que foi uma tragédia, e sei que é irreparável a perda, mas a melhor forma de homenagear, de poder sanar um pouco a dor da família é esses meninos, amigos dos que se foram, ganharem títulos, chegarem ao profissional, jogarem na Europa. Porque, com certeza, eles lá de cima vão estar comemorando. Essa foi a minha mensagem de apoio, dizendo que tudo tem um propósito de Deus. Que o acidente aconteceu, infelizmente morreram alguns amigos deles, mas que eles não se culpassem ou não focassem toda a energia nas coisas negativas, e sim nas positivas, e pensassem nos momentos de alegria que viveram com esses meninos. Foi mais ou menos isso aí”, prosseguiu.
Desde 2010, o Flamengo iniciou um processo de estruturação do Ninho do Urubu e hoje tem um dos melhores CT’s do Brasil. E Andrezinho fez questão de falar sobre as novas instalações e a diferença da época em que defendia o clube carioca:
“Bom, em termos de estrutura, eu posso falar com propriedade do Flamengo. Até porque eu cheguei no Flamengo com 10 anos de idade, em 94, e saí em 2004. Então eu peguei o Flamengo numa era completamente diferente de hoje, em termos de estrutura. Não só de física como financeira. Eu só acredito em títulos, em você montar grande elenco, em você ter um grande clube se você tiver estrutura. A casa, você não começa pelo telhado, começa pelo alicerce, senão um dia ela cai. E o alicerce no futebol é estrutura. E hoje eu fiquei surpreendido positivamente com a estrutura que o Flamengo tem. Se não é a melhor, é uma das melhores do Brasil e não deixa a desejar para nenhum clube do futebol mundial”, explicou Andrezinho, lembrando das dificuldades que tinha:
“Na minha época você não tinha campo para treinar. Muito difícil treinar na Gávea. A gente jogava na Gávea, mas a gente treinava no quartel, no CEFAM da Avenida Brasil, em Santa Cruz da Serra. O Flamengo não estava atravessando uma fase muito boa financeiramente, e a concentração não era adequada. A gente passava por dificuldade até na alimentação, que não era adequada para atletas de base. E recentemente eu fiz uma visita ao Ninho e fiquei encantado. O Flamengo, não é à toa, que hoje se equilibrou financeiramente e tem uma das melhores estruturas”, finalizou.
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Crédito da foto: Celso Pupo/ Fotoarena