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Palestino afasta religião do futebol e leva bandeira da paz: “Portas abertas”


um Eduardo na presidência, quatro estrangeiros sul-americanos e um patrocínio
de banco também no Palestino. É tudo que o time chileno tem em comum com o
Flamengo, adversário desta quarta-feira à noite (21h45, horário de Brasília) no
estádio Monumental, do Colo Colo. Fundado em 1920, o clube representa mais de
350 mil palestinos que vivem no Chile – a maior colônia de palestinos fora da
região do Oriente Médio. Mas engana-se quem pensa que, pelo nome e pelas referências, os
costumes da religião muçulmana entram no vestiário ou pelas portas do clube localizado
no bairro de La Cisterna, um dos bairros mais carentes de Santiago.

O
campo do Palestino é alugado pelo clube junto à prefeitura de Santiago desde
1988. A capacidade é reduzida (máximo de 10 mil pessoas) e não há luz
artificial – o que impõe horários restritos aos jogos do Palestino em casa.
Mapas da região da Palestina – um estado não reconhecido como país pela Organização
das Nações Unidas -, fotos em monumentos históricos e de times que construíram
a fama de revelador de talentos (e também é bicampeão nacional) estão por toda
a parte no estádio do tricolor chileno – as cores, claro, também representam a
bandeira da Palestina.


Não temos costumes algum ligado à religião muçulmana e por um motivo bem
simples. Somos quase todos imigrantes e descendentes de imigrantes cristãos
aqui no Chile. 95% são católicos. Há poucos muçulmanos no Chile – explica o
presidente Eduardo Heresi.

A
homenagem à Palestina está presente na camisa, com o patrocínio do Bank of
Palestine e também nos números de cada jogador. O presidente explica que a
ideia é representar o território histórico – onde existe o estado de Israel e a
Jordânia -, “apenas um símbolo para criar vínculo, empatia, com nosso povo”. 

Eleito
em julho do ano passado, Heresi é empresário do comércio de importação e traz,
principalmente, produtos americanos e chineses para o Chile. O seu avô e o seu
pai também foram dirigentes do Palestino. O clube é bicampeão chileno (1955 e
1978) e já foi semifinalista da Libertadores em 1979. Apesar de ser tradicional
e de da ascensão nos últimos anos no Chile, a torcida é pequena. São esperados pouco
mais de cinco mil pessoas no campo do Colo Colo esta noite.

Folha salarial de US$ 150 mil

Heresi
conta que gasta pouco mais de US$ 350 mil por mês para manter o clube. Com a
equipe calcula algo em torno de US$ 150 mil. Lembra o investimento modesto para
se comparar ao Flamengo e aos grandes do Chile. O Rubro-Negro carioca tem uma
das maiores folhas salarias no futebol brasileiro, de cerca de R$ 7,5 milhões –
quase US$ 2,3 milhões.

– É
uma história de Davi e Golias. O que não quer dizer que nossos jogadores não
estejam com ambição de passar pelo Flamengo. E estão preparados essa grande
equipe no campo – diz o dirigente.

Heresi
tem história curiosa com o Flamengo. Na verdade, com um rival do Flamengo. Seus
pais visitaram o Brasil há mais de 30 anos e voltaram com uma bandeirinha de
souvenir de outro time carioca.


Meus pais trouxeram uma bandeira do Vasco que eu tenho guardado até hoje. Não
sei explicar como acharam isso. Não foram a jogo nada disso – conta, antes de
passar algumas informações sobre o rival desta noite. – Quem não conhece o
Flamengo? Tem a maior torcida do Brasil, uma das maiores do mundo, lotam
estádios por todo país.

Além
de quatro argentinos, o time tem um jogador nascido na região da Palestina que
fez carreira em Israel. Shadi Shaban, de 24 anos, jogou no Maccabi Haifi e veio para o Palestino pouco tempo depois
do clube fechar parceria o Bank of Palestine. Tímido e avesso a entrevistas, o
jogador fala pouco espanhol e preferiu não contar um pouco da sua história na
véspera da partida.


Ele veio jogar no Palestino há três meses. É um meia que joga pela direita e também
joga na seleção da Palestina (reconhecida pela Fifa). Alguns chilenos foram
jogar na região da Palestina e daí surgiu a ideia de trazer um jogador para
atuar aqui. É uma primeira experiência para, quem sabe, abrir as portas para
mais jogadores palestinos – diz o presidente do Palestino.

Sem
titubear, Eduardo Heresi matou no peito e devolveu de primeira quando foi
questionado sobre a possibilidade de contratar um jogador judeu para o
Palestino.


Antes do Shadi, nunca havíamos pensado em ter um jogador da Palestina conosco.
Se vier um judeu e tiver de acordo em jogar no nosso time, estaríamos dispostos
a recebê-lo, com as portas abertas. Seria uma iniciativa maravilhosa do futebol pela paz, pela união.
Não queremos separação, conflitos, nada disso – afirma Heresi.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2016/09/palestino-afasta-religiao-do-futebol-e-leva-bandeira-da-paz-portas-abertas.html

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Redação Flamengo RJ

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