A vida seguiu para 16 sobreviventes da tragédia que matou dez jovens da base do Flamengo após um incêndio em um alojamento do CT Ninho do Urubu, que completa um ano neste sábado.
Dos atletas que escaparam do acidente, oito continuam no clube, entre eles os três que se feriram: o atacante Cauan Emanuel, o goleiro Francisco Dyogo e o zagueiro Jhonata Ventura, este último ainda em recuperação de graves queimaduras.
Os três completaram 16 anos e devem assinar o primeiro contrato profissional em breve.
Após uma temporada sob os efeitos da perda de seus colegas, cinco atletas foram dispensados pelo Flamengo sob alegação de que não estavam aptos tecnicamente. São eles: Caike Duarte, 15, meia, Felipe Cardoso, 15, atacante, João Vitor Gasparin, 15, lateral, Naydjel Callebe, 15, zagueiro e volante, e Wendel Alves, 15, atacante.
O quinteto recebeu convite do Vasco, mas não aceitou. Felipe Cardoso assinou contrato com o Red Bull Brasil, de São Paulo. Enquanto Wendel Alves faz testes no Corinthians.
Ao longo do ano, Pablo Ruan deixou o Flamengo por conta própria e acertou com o Palmeiras. Logo após o incêndio, Gabriel de Castro foi dispensado pois estava em fase de testes. Ele seguiu para a Ponte Preta.
Seguem sem clube Caike Duarte, conhecido como Paquetazinho, João Vitor Gasparin e Naydjel Callebe, que buscam espaço em outras equipes.
Dispensados tinham promessa de um ano sem riscos
O atacante Felipe Cardoso chegou como jóia tirada do Santos, trazido através da empresa OTB, que teve rusgas no relacionamento com a diretoria do Flamengo recentemente. Depois de alguns meses, trocou de empresário. O atual, Wilson Farias, diz que os números do jogador justificariam a permanência.
– Ele foi o segundo artilheiro do time, com cinco gols (no torneio estadual Guilherme Embry), atletas que não tiveram tanto rendimento nesta competição não foram liberados – explicou.
O agente aguarda documento do Flamengo para o acerto do jogador com o Red Bull.
No caso de Caike Santos, conhecido como Paquetazinho, a alegação também envolveu o porte físico. Por ser pequeno, também ouviu que seu desenvolvimento ficou aquém para a categoria.
Segundo pessoas próximas ao jovem meia, que passou em testes no clube, o Flamengo havia prometido pelo menos um ano para os jovens, sem risco de dispensa. E acabou desligando o jovem por telefone, alegando que ele “não desenvolveu a parte biológica”.
A mãe de Naydjel, Carla, cobrou explicações do Flamengo para a dispensa:
– Se ele não atendia na questão técnica como que ele passou na avaliação em novembro de 2018? -, questionou, lembrando que o trauma por conta do incêndio foi grande:
– Meu filho chegou dia 4 e dia 8 aconteceu o incêndio. Estava longe de casa em um lugar estranho. E um dos meninos que ele conhecia morre (Gedson). Pelo amor de Deus.
Os 16 sobreviventes:
Caike Duarte (à equerda, dispensado, sem clube)
Cauan Emanuel (Flamengo)
Felipe Cardoso ( dispensado, no Red Bull Brasil)
Filipe Chrysman (Flamengo)
Francisco Dyogo (Flamengo)
Gabriel de Castro (dispensado logo após o incêndio, foi para a Ponte Preta)
Jean Sales (Flamengo)
Jhonata Ventura (Flamengo)
João Vitor Gasparin (dispensado, sem clube)
Kayque Soares (Flamengo)
Kennedy Lucas (Corinthians)
Naydjel Callebe (dispensado, sem clube)
Pablo Ruan (Palmeiras)
Rayan Lucas (Flamengo)
Samuel Barbosa (Flamengo)
Wendel Alves (dispensado, sem clube)