Os bastidores políticos da eleição do Flamengo estão bastante agitados neste momento. Os três postulantes estão empenhados em angariar mais apoios para o pleito deste ano. Com a proximidade do início oficial do processo eleitoral, marcado para o dia 31 de agosto, os grupos de sócios estão delineando suas preferências entre as candidaturas de Luiz Eduardo Baptista (Bap), Maurício Gomes de Mattos (MGM) ou Rodrigo Dunshee.
No total, 24 grupos políticos estão atuando nos bastidores do Flamengo. Até o momento, oito deles já definiram seus candidatos. Neste momento, Rodrigo Dunshee parece estar em vantagem. O escolhido para suceder Rodolfo Landim conquistou parte da base de apoio e já conta com o respaldo de cinco grupos: Nosso Fla, Flamengo Raiz, União Rubro-Negra, Vanguarda Rubro-Negra e Fla Esportes. Em segundo lugar está Maurício Gomes de Mattos, que já conta com o apoio da Frente Flamengo Maior e do Garden, graças ao respaldo declarado do ex-presidente Márcio Braga. Bap tem o apoio oficial do Raiz Original.
Seis grupos ainda estão indecisos: Advocacia Rubro-Negra, Pró Fla, Sempre Flamengo, SóFla, Fla Tradição e Juventude e DNA Rubro-Negro. Maurício tem o maior número de grupos com inclinação a apoiá-lo: Fla+ (compartilhado com Dunshee), FlaFut, GRAP e Vitória. Bap conta com três possíveis apoios futuros: FAM, FAT e Ideologia. Rodrigo ainda pode contar com mais dois: Fla+ (compartilhado com MGM) e Sinergia Rubro-Negra. O Flamengo Sem Fronteiras, grupo que apresentou um candidato na eleição de 2021, optou por deixar seus membros livres para votar, devido ao empate entre Maurício e Bap.
Desde que venceu a eleição em 2018, Landim tem se esforçado para manter os grupos alinhados com a gestão, realizando encontros e reuniões para conquistar votos nos Conselhos. A expectativa era de que o sucessor escolhido por Landim herdaria toda a base de apoio, mas a realidade tem se mostrado diferente. Mesmo com o cenário ainda incerto, a situação já perdeu membros do Flamengo Raiz. Alguns integrantes discordaram ao escolher Dunshee, resultando em uma divisão com a formação de um novo grupo, o Raiz Original, que irá apoiar Bap.
Outros grupos, como FAT, Fla+, Ideologia e até o Sinergia, liderado por Diogo Lemos, membro do Conselho de Futebol e vice de Gabinete, continuam indecisos e dividem possíveis apoios entre Maurício e Bap. Mesmo que alguns confirmem apoio ao candidato da situação, há uma ‘debandada’ de sócios.
Anteriormente o maior grupo de oposição e base política nos dois mandatos de Eduardo Bandeira de Mello (2013-2018), o SóFla encolheu em todos os aspectos. Vários membros migraram para outros grupos, principalmente para a Frente Flamengo Maior, atualmente o maior grupo de oposição. Oficialmente, o Sócios Pelo Flamengo ainda existe. Lomba, candidato à presidência em 2018, que declarou apoio pessoal a Bap, afirma que ainda faz parte do SóFla. A tendência é que, assim como em 2021, o grupo não se posicione oficialmente no processo eleitoral de 2024.
Os grupos políticos adquiriram grande importância a partir da eleição de 2012. Muitos foram criados tendo o SóFla como referência. Assim, no processo eleitoral, eles auxiliam com o trabalho diário e toda a árdua rotina envolvida na eleição na sede da Gávea. Geralmente, os membros desempenham papéis fundamentais em uma campanha e são responsáveis por dialogar com os associados que não estão envolvidos na política, buscando votos para seu candidato. Se Bandeira de Mello contou com o apoio do Sócios pelo Flamengo em suas gestões para articular politicamente e travar batalhas de narrativas nas redes sociais — incluindo os debates nos grupos de WhatsApp —, Rodolfo Landim contou com dezenas deles em suas gestões. Fontes consultadas asseguram que apenas essa base de apoio não é suficiente para vencer uma eleição, especialmente a de 2024, que promete ser bastante acirrada.
Para conquistar o apoio dos grupos durante o processo eleitoral, os pré-candidatos fazem promessas de implementação de projetos e também oferecem possíveis cargos remunerados e não remunerados, como vice-presidências, diretorias, ingressos de arquibancada e camarotes. Em dezembro de 2021, ficou em evidência, por meio de um artigo do site Ser Flamengo, a insatisfação do Flamengo Raiz. Embora Guilherme Kroll tenha sido indicado em 2020 para a pasta de Esportes Olímpicos, o grupo exigia mais cargos e chegou a ameaçar romper com Landim, que na época contava com mais dez grupos como aliados.
Outra forma de obter o apoio dos grupos durante o processo eleitoral é na composição da chapa, que inclui cadeiras do Corpo Transitório (os membros eleitos) no Conselho Deliberativo e no Conselho de Administração. No CoDe, a chapa vencedora elege 60 membros efetivos e 20 suplentes; a segunda colocada elege 20 membros, sendo 15 efetivos e cinco suplentes, se atingir 20% dos votos válidos na eleição. Já no CoAd, o vencedor indica 48 membros efetivos e 24 suplentes. O segundo colocado tem direito a 18 vagas, sendo 12 efetivos e seis suplentes.
O processo eleitoral do Flamengo começa oficialmente em 31 de agosto, quando é divulgada a lista dos associados aptos a votar para presidente. A data da eleição ainda não foi definida, mas segundo o estatuto, deve ocorrer nos primeiros 10 dias de dezembro. Até o momento, Luiz Eduardo Baptista, Maurício Gomes de Mattos e Rodrigo Dunshee são os pré-candidatos.
‘Nota: Esse levantamento reflete o cenário atual da eleição do Flamengo, até o dia 17 de julho de 2024, data em que este artigo foi publicado.’
Publicado em colunadofla.com
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