No massacre contra o Juventude, o narrador testou sua habilidade vocal, saindo rouco do Maracanã. Confesso que, durante a noite, sonhei que narrava o sétimo e o oitavo gols do Flamengo; Pedro já se destacava como artilheiro do campeonato. Acordei de um sonho intenso, com um jogador derrubando gols, e nem sei como estaria o jogo agora, caso meu sono se prolongasse.
A zebra da Libertadores foi amplamente redimida e se tornou um elemento que reforça o espírito do grupo — já altamente mobilizado e vencedor — para a continuidade da promissora temporada.
Os emocionados de bom coração e os mal-intencionados — muitos deles com microfone em mãos — que me perdoem, mas coloco em dúvida a sanidade de quem, ultimamente, tem torcido o nariz para o trabalho excepcional de Filipe Luís.
Ontem, coroado pela goleada que faltava acontecer, o comando — que possui mais títulos do que derrotas — está assombrando e marcando gols a torto e a direito nos pesadelos de muitos.
Recordo que o Flamengo de Jorge Jesus — uma entidade recente no nosso futebol e um referencial justo em qualquer mesa de bar — levou uma surra do Bahia pré-SAF, em Salvador, em 2019. Já havia sofrido duas derrotas para o Emelec no Equador, duas semanas antes. Na Fonte Nova, a atuação desastrosa do lateral-esquerdo recém-contratado, Filipe Luís.
Lembro — e a coincidência me chama a atenção — de um esplêndido 6 a 1 sobre o também alviverde Goiás, no mesmo ano. A grande diferença é que, naquela manhã memorável, o Maracanã estava lindo e lotado, ao contrário de ontem, devido ao erro brutal nos preços dos ingressos.
Erraram e esvaziaram a já suficientemente reduzida final da Taça Guanabara. Erraram e esvaziaram a retumbante goleada sobre os gaúchos. No terceiro deslize com a Nação, cartão amarelo — e uma coluna dedicada exclusivamente à exclusão do torcedor raiz do estádio.
Cada cadeira vazia nos causa dor e diminui nossa força. Ontem, mais de 40 mil lugares estavam vazios, sem vida e, calados, sem voz.
Retornando ao saboroso banquete que está à mesa rubro-negra em 2025 — ano em que o Flamengo possui o melhor elenco de sua história (opinião deste observador de grandes equipes, que refletiu bem antes de chegar a essa conclusão) — a liderança numa quarta rodada geralmente diz pouco, mas, neste momento, evidencia o óbvio, que, evidentemente, precisa ser registrado: o Flamengo de 2025, além de Guanabara, Carioca e Supercopa, demonstra ter energia, pernas e braços para conquistar novos troféus.
O Brasileiro, o mais difícil, tem recebido a devida atenção que faltou em momentos decisivos nos últimos anos.
Não devemos poupar elogios a quem merece. Não nos esqueçamos de que o que faz o Flamengo é sua torcida e, por favor, ninguém mexa com esse povo rubro-negro, que, sonhando, conta gols e segundos até o despertar de sábado, para a nova batalha: vem aí um Clássico dos Milhões próximo à Páscoa, com cheiro de gols e grandes histórias.
Publicado em colunadofla.com
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