Enfrentar a dor não é um problema para Rafinha, lateral do Flamengo. Na final da Libertadores, sábado, em seu primeiro jogo sem o capacete, usado desde que fraturou um osso do rosto, pelo Brasileiro, ele sofreu com a marcação forte – por vezes desleal – do River Plate. Mas não só tirou de letra mais uma batalha, como saboreou o primeiro título em cinco meses na Gávea.
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Na quinta-feira, o camisa 13 eternizou suas duas conquistas pelo time de Jorge Jesus (no domingo, faturou o Brasileiro) com uma de suas maiores paixões, a tatuagem. Cada troféu conquistado ganhou um espaço no braço esquerdo do jogador.
Em meio às agulhas e à tinta, ele ouve a pergunta: a decisão em Lima foi a mais dolorida mesmo para quem ganhou Mundial, Champions League e algumas edições do Campeonato Alemão pelo Bayern de Munique?
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– Acho que sim. A primeira lesão que tive foi no Brasileirão (contra o Athletico, na Arena da Baixada), mas pelo que aconteceu foi a m+ais dolorida. Nesse último jogo, joguei sem o capacete e tomei uma pancada que inchou. Achei que tivesse sido no mesmo lugar. Quando passei a mão, senti uma bola e apavorei. No intervalo, pensei "Meu Deus, de novo". Mas mesmo se tivesse quebrado alguma coisa não ia sair, não. É marca da guerra, né, mas foi bacana. Um título dessa dimensão – comenta o campeão da Libertadores.
As duas novas tatuagens do lateral-direito do Flamengo foram feitas pelo paulista Tiago Frigi, que há quatro anos é o responsável por fazer o trabalho. Quando Rafinha jogava no Bayern, Frigi ia cerca de duas vezes por ano à Alemanha tatuá-lo.
No sábado, o tatuador pensou que fosse perder esse novo serviço. O Flamengo era derrotado por 1 a 0 até os 43 minutos do segundo tempo, quando Gabigol marcou o primeiro de seus dois gols no River Plate:
– Achei que não ia fazer mais. Não torço pelo time dele, mas é um amigo que está jogando, e a gente sempre torce por ele. Fiquei contente por vê-lo ganhar e fazer essa tatuagem – conta o profissional, que também tem, entre os clientes, nomes como o surfista Gabriel Medina e o volante chileno Artur Vidal, que hoje atua pelo Barcelona.
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O camisa 13 do Flamengo tem tatuagens espalhadas pelo corpo, como costas, peito, braços e pernas. Para ele, no braço, como as de ontem, é onde mais dói. Mas valeu a pena, mais uma vez, encarar a dor:
– Ficaram muito boas. O Tiago risca a pele igual caneta no papel – recomenda o lateral direito.
A mãe detesta
A paixão de Rafinha pelas tatuagens começou em 2005, quando jogava no Schalke 04, na Alemanha. Ele confessa que tinha medo, mas o compatriota e companheiro de time Bordon o incentivou:
– Meu pai tinha falecido havia três anos. Nem falava nada, só gritava, o (zagueiro) Bordon traduzia – relembra, aos risos.
Os três filhos de Rafinha, Maria Luiza, Maria Sofia e o caçula, Rafael Luca, de três meses, e a mãe do jogador também ganharam homenagens. Mas nem todos gostaram. É quando o jogador se lembra da expressão de dona Deusdete:
– Nem do “mãe, eu te amo” ela gostou. Ela disse: “que tatuagem feia”. Minha mãe detesta tatuagem – comenta, resignado.
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Alguns desenhos não têm relação direta com o futebol. Na perna direita, Marcio Rafael Ferreira de Souza tem um leopardo gravado. Por quê?
– Ele tem muitas virtudes que um ser humano precisa – filosofa o londrinense– Gosta de lutar, não desiste, é rápido, paciente, esperto, sem pressa, estratégico.
Fã de samba, o camisa 13 do Flamengo também tem o refrão “respeite quem pôde chegar onde a gente chegou” gravado em um dos braços. O Mundial o lateral já tem tatuado, uma vez que venceu pelo Bayern. E se o Flamengo conquistar em dezembro, no Qatar? Rafinha vai tatuar outra taça?
– Não, nesse caso, vou gravar o ano: 2019.
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