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Segredos das recuperações a jato: Flamengo investe em ciência e chama atenção de rivais

As lesões de jogadores importantes como Arrascaeta, Filipe Luís e Rafinha antes do jogo contra o Grêmio, no Maracanã, pela semifinal da Libertadores, gerou um clima de apreensão no Flamengo. A rápida recuperação de todos, além de Diego, que também retornou depois de três meses após fraturar o tornozelo, contribuiu para a vitória por 5 a 0, a classificação para final e chamou atenção da torcida.

Todos estes atletas entraram em campo mais rapidamente do que a média para casos semelhantes. Foram longos dias de tratamento e dedicação dos jogadores e profissionais da área médica do clube, comandada por Marcio Tannure.

– Cada caso é um caso, cada atleta reage de uma forma. Alguns nos surpreenderam, com certeza. Conseguimos que retornassem em um período mais curto do que a média. Esses quatro casos foram emblemáticos. O objetivo é sempre acelerar ao máximo sem colocar o jogador em risco – disse Tannure (confira a entrevista no Globo Esporte desta quarta!).

Novo aparelho utilizado pelos médicos no dia a dia do Flamengo — Foto: Fred Huber

Em seu processo de modernização e reestruturação no novo módulo profissional do Ninho do Urubu, inaugurado este ano, o clube também investiu na prevenção e recuperação dos atletas. Um dos novos aparelhos que auxilia o trabalho no dia a dia é importante para tratar lesões, preveni-las e para avaliar se alguém está com desgaste excessivo e necessita de descanso.

Com uma amostra de sangue após uma sessão de treino ou jogo, é possível medir os índices bioquímicos, o estresse metabólico, o nível de hormônios…

– Não posso afirmar que seja único, mas é novo no Brasil e no esporte. Através dos marcadores bioquímicos, conseguimos ver se os atletas estão regenerando de uma forma adequada, se estão em um processo inflamatório maior do que o desejado… Com isso, conseguimos equilibrar, definir estratégias. Cada detalhe conta muito, como a avaliação biomecânica. Avaliamos a evolução e sabemos se está dentro, acima ou abaixo do esperado, aí fazemos as intervenções. É muito importante para os bons resultados.

O aparelho "Point of Care" foi uma das armas utilizadas no tratamento de Arrascaeta, Filipe Luís, Rafinha e Diego, mas a decisão de liberar os jogadores para o jogo contra o Grêmio na Libertadores envolveu diversos aspectos e deu certo. Os atletas se mostraram felizes e agradecidos após a partida, e festejaram em campo com os médicos.

– É uma decisão difícil, ainda mais em jogo assim. Toda escolha tem as consequências. Por isso, tem que levar tudo em conta: a questão física, mental, a confiança do próprio jogador, a confiança do técnico no departamento médico… Sempre explicamos os riscos. A decisão é em conjunto, não é apenas do médico, do técnico ou do jogador. Estamos juntos nos erros e nos acertos – disse Marcio Tannure, que foi carregado no colo por Rafinha.

Caso a caso:

Arrascaeta – previsão: de quatro a seis semanas. Retornou: 19 dias após a cirurgia

A lesão dele leva de quatro a seis semanas, mas nós conseguimos antecipar em uma semana, dez dias. No futebol isso é bastante, ainda mais em uma fase decisiva. Achávamos que teria possibilidade de participar contra o Grêmio, mas não sabíamos em quais condições. A surpresa maior não foi ser relacionado, e sim estar em uma condição melhor do que poderíamos supor. Não sabíamos se poderia começar jogando.

Arrascaeta na partida contra o Grêmio — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Filipe Luís – previsão: até seis semanas. Retornou: 18 dias

No caso dele, alguns médicos optariam por cirurgia, o que mudaria o cenário. O problema dele pode levar até seis semanas para voltar. Nós preferimos um tratamento conservador. O Filipe é um cara consciente, já teve muitas lesões na carreira. Brincamos que ele é o nosso "doctor", porque gosta de participar, de entender. Chega em casa e vai pesquisar. Nós sempre damos acesso aos exames, é um direito deles. Damos autonomia. Ele busca muito mais do que outros atletas.

Ele estava muito receoso e inseguro, por mais que acreditássemos que ele teria chance de jogar. Nós tínhamos mais otimismo sobre ele do que os outros dois (Rafinha e Arrascaeta).

Filipe Luís retornou ao time no Fla x Flu, um jogo antes do duelo com Grêmio — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Rafinha – previsão: 15 dias. Retornou: nove dias depois da cirurgia

É o mais difícil de fazer prognóstico, porque depende bastante do grau da fratura. As parecidas com a que ele teve, normalmente o atleta leva por volta de 15 dias. Antecipar para 9 dias fez diferença para ele entrar em campo contra o Grêmio.

Ele demonstrou muito brio, uma coragem grande. Não perdeu tanto fisicamente como o Filipe Luís e o Arrascaeta, mas foi uma fratura na face, que também influencia no jogo para cabecear… há o choque. No caso dele havia um receio menor sobre a recuperação da lesão e mais sobre o bem estar dele com o capacete, se sentiria dor.

Rafinha após a vitória sobre o Grêmio — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Diego – previsão: cinco a seis meses. Retornou: 91 dias

No caso dele, mais grave do que a própria fratura foram as lesões ligamentares. Se fosse só a fatura, voltava até mais rápido. A média de retorno para casos como o dele é de cinco a seis meses. Muitas pessoas disseram que não jogava mais esse ano, mas ele só levou três meses.

Jorge Jesus e Diego Flamengo — Foto: André Durão

Clube chama atenção de adversários, que buscam informações

Jorge Jesus está encantado com o trabalho do departamento médico e faz elogios em suas entrevistas. O trabalho comandado por Tannure chama atenção de outros clubes, como o próprio Grêmio, que antes mesmo do duelo pela Libertadores havia feito uma visita ao Ninho do Urubu para conhecer a metodologia do Fla.

– O presidente do Grêmio tornou público a visita deles, mas outros clubes já nos procuraram. Isso nos deixa feliz, mostra o que o Flamengo é uma referência. Acho essa troca importante no futebol brasileiro. Estrutura é importante desde que você saiba usá-la em seu favor. Estamos mostrando isso, nos últimos três anos tivemos o menor número de lesões no Brasil. O Flamengo investiu e continua investindo. Não está acomodado – afirmou Marcio Tannure.

Líder do Brasileiro e finalista da Libertadores, o Flamengo trabalha para manter o gás até o fim da temporada. Com jogadores saudáveis e departamento médico vazio.

Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/segredos-das-recuperacoes-a-jato-flamengo-investe-em-ciencia-e-chama-atencao-de-rivais.ghtml

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Redação Flamengo RJ

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