A Copa do Brasil começa a esquentar ao entrar em sua reta decisiva. A entrada dos classificados à Libertadores nas oitavas de final dividiu o torneio em dois blocos: os favoritos e os azarões. Mas, neste ano, o “lado B” tem dado motivos para não ser subestimado. Flamengo e Botafogo que se cuidem, pois se alguém pensa que times menos cotados, como Juventude ou Cuiabá, por exemplo, serão tarefa fácil, melhor pensar duas vezes. O sorteio dos confrontos será realizado hoje de manhã, na sede da CBF, e os jogos serão nas semanas de 28 de outubro e 4 de novembro.

Na fase anterior, a torcida do Fluminense ficou feliz quando o sorteio apontou o Atlético-GO como adversário. Rubro-negros e alvinegros provavelmente não cometerão esse erro, já que o Dragão ganhou a fama de ser um “caçador de cariocas”. Além de eliminar o tricolor na Copa do Brasil, aplicou 3 a 0 no Flamengo, em Goiânia, e bateu o Vasco de virada, em São Januário, pelo Brasileiro.

O crescimento do Atlético-GO passa pela chegada do técnico Vágner Mancini e a saída do meio-campista Jorginho, negociado com o Athletico. Se antes o camisa 10 era o destaque dos goianos, a impressão é que o desempenho do Dragão melhorou após a sua saída.

— O Mancini prometeu mudanças, fez cinco alterações e o time evoluiu. O Jorginho se recusou a ser reserva e virou um processo litigioso até a saída. Ali, o treinador ganhou o grupo — diz a repórter Nathalia Freitas, da Rádio Sagres.

Chico comemora o primeiro gol do Atlético-GO sobre o Fluminense Foto: Carlos Costa/Futura Press

A dupla cearense é outra que não promete vida fácil aos seus adversários. O Fortaleza faz campanha regular no Brasileiro e tem o técnico Rogério Ceni, que liderou a equipe à conquista da Copa do Nordeste em 2019. O destaque é o atacante Wellington Paulista, velho conhecido do Botafogo. 

O Ceará vive uma fase de ascensão. Atual campeão da Copa do Nordeste, venceu o Flamengo com autoridade neste Brasileirão. O futebol envolvente é liderado pelo técnico Guto Ferreira que mistura a intensidade de Vina e Fernando Sobral com a experiência de nomes como Rafael Sóbis e Fernando Prass.

— O Fortaleza surpreendeu ano passado quando foi para a Copa Sul-Americana. Nada impede que o tricolor vá além e chegue na Libertadores, mas pela Copa do Brasil. Já o Ceará vem de um título invicto do Nordeste, que também é um campeonato mata-mata — opina Iara Costa, de “O Povo”. 

Vitinho Foto: Divulgação/Flamengo

O América-MG faz boa campanha na Série B (é o sexto, mas com pontuação de G4), com atuações sólidas desde o início do ano, mesmo com troca de comando. Felipe Conceição saiu do clube para assumir o Bragantino e deixou uma base líder geral do Campeonato Mineiro até antes da pandemia para Lisca, que deu sequência aos bons resultados. Liderado pelo meia Alê, que despertou interesse do Atlético-MG e de clubes europeus, é favorito para subir à Série A.

— Quando o América-MG contratou o Lisca, não teve remontagem de elenco ou mudança de jogadores. Ele pegou um trabalho pronto. O Conceição deixou uma base jogando bem e já montada, sem atrito na transição. O Lisca deu continuidadee e foi para a final do Campeonato Mineiro [foi derrotado para o Atlético-MG] — conta Isabelly Morais, repórter do Jornal ‘O Tempo’

O torcedor alvinegro nem precisa ser relembrado da dificuldade que é enfrentar o Juventude, verdadeira pedra no sapato do Botafogo. Além do título da Copa do Brasil de 1999, o clube gaúcho também eliminou o alvinegro na terceira fase da edição do ano passado. Liderada pelos meias Renato Cajá, ex-Botafogo, e Wagner, ex-Fluminense, a equipe de Caxias do Sul está atualmente em quinto lugar na Série B.

Fernando Miguel pega a cobrança de Alerrandro e salva o Vasco Foto: Ricardo Moraes / Reuters

Clubes empresas em alta

A Copa do Brasil deste ano tem um fato curioso: será a primeira vez que clubes-empresa disputarão as oitavas de final— é a melhor campanha de equipes adotando este modelo já registrado. E, logo de cara, terão dois representantes: o Bragantino e o Cuiabá, que vivem situações diferentes na temporada.

O clube do centro-oeste conseguiu um feito interessante e considerado impossível para a maior parte dos grandes clubes brasileiros: fazer os seus dirigentes serem elogiados pelos torcedores. A “excelente gestão do Cuiabá”, como a torcida gosta de brincar nas redes sociais, trouxe mudanças na administração, salários acima do padrão para a Série B — e pagos em dia — e até a construção de um Centro de Treinamento. Os resultados são vistos em campo: é líder da Série B com três pontos de vantagem para o segundo colocado.

Já o Bragantino só perde para o Flamengo em investimento em reforços: passou dos R$ 80 milhões em contratações para a temporada 2020, enquanto o Rubro-Negro tem 156 milhões gastos. O dinheiro do Bragantino vem da parceria com a empresa austríaca Red Bull, que assumiu a gestão do futebol do clube em abril de 2019 e também tem investido em melhorias no estádio Nabi Abi Chedid e planeja a construção de um centro de treinamento em Bragança Paulista.

Em campo, porém, irregularidade. Apesar de ter a melhor campanha da fase de classificação do Campeonato Paulista, caiu nas quartas de final e demitiu o técnico Felipe Conceição. No Brasileiro, está na zona de rebaixamento e o ex-treinador do Flamengo, Mauricio Barbieri, foi chamado para tentar a reação.