Podemos analisar a possível vinda de Balotelli sob duas perspectivas distintas. Talvez, do cruzamento dessas possibilidades encontremos uma infinidade de possíveis desfechos, mas hoje derramo minhas letras sob os olhos da Nação para que possamos avaliar apenas os aspectos mais claros (e tão polarizados) dessa possibilidade inusitada.
Antes disso, gostaria de fazer um breve adendo. Sinto-me, enquanto Rubro-Negro e amante de futebol, um cara privilegiado por poder discutir se a contratação de Balotelli é interessante ou não, quando já vivemos de El Tigre Ramirez, Itamar, Jael, Vanderlei, Claudio Pitbull, Josiel, Dimba e tantos outros atacantes de categoria bastante duvidosa ao longo do tempo. Discutir Balotelli é um luxo que pretendo continuar tendo. Assim como compará-lo com Llorente ou outros nomes que antes pareceriam um devaneio de videogame.
Balotelli: cara ou coroa?
De cara, avaliamos o cara, a cara e o quão caro pode ser Balotelli. Como já apelidado por meu amigo Tozza, Balô, para os íntimos, é um nome que abala as estruturas do futebol brasileiro e mundial. Polêmico, talentoso, problemático, relativamente jovem e com um estilo de vida que pouco combina com o profissionalismo europeu.
Balotelli parece perdido no tempo. É um diamante bruto de futebol que não se permitiu ser lapidado pela cultura do atleta. Apaixonado pela noite, mulherengo, irresponsável… Uma espécie de betoneira humana de emoções, talento e problemas. Parece saído do final dos anos 80, início dos ano 90. Fosse brasileiro, Balô seria companheiro de rede de Renight num futevôlei qualquer.
Esse é o maior fator complicador do “risco Balotelli”. Ainda não estamos plenamente curados da síndrome de páginas policiais. Passamos a ser um clube respeitador de compromissos e corremos atrás de jogadores com esse perfil nos últimos anos. Há quem diga que falta um pouco mais de irreverência, maluquice, testosterona ou até mesmo banditismo ao elenco. Para aqueles que creem nessa possibilidade, o cara é um prato cheio. Pacote completo, combo extra.
Balotelli é o superlativo bipolar que a torcida ama odiar ou odeia amar, mas ama. É nesse ponto que entra em cena o outro lado.
Coroa. Quanto vale o talento? Jovem, habilidoso, talentoso, forte e com uma capacidade técnica que o faria sobrar em nossas terras. Tecnicamente, Balotelli em campo sempre entregou o que se esperava dele: gols. Também entregou polêmica dentro de campo, é bem verdade. Seu estilo é amplo demais para que suas polêmicas fiquem restritas à vida fora dos gramados.
Com bela capacidade de finalização, bom no jogo aéreo e um chute raríssimo de média distância, o homem que não comemora seus gols por considerá-los obrigação de sua função também me parece esconder por trás de tantos músculos e tanta marra, uma personalidade que cairia como uma luva em nossas cores.
Admito e o risco e vejo como alto, mas acho que Balotelli pode dar muito mais certo do que errado. No caso dele, a coroa vale o cara e tudo que traz com ele. Que Balotelli venha aprender a ser feliz aqui. Talvez aqui ele descubra que dá pra ser marrento e feliz. Basta ser mulambo. Falta a Balotelli carinho, fanatismo, amor e paixão. Falta fanatismo sem responsabilidade. Falta excentricidade favelada. Te faltou festa, Mario! Te falta a Nação, te falta o Flamengo, Super Mario!
Fonte: https://colunadofla.com/2019/08/thigu-soares-as-duas-faces-de-balotelli/
Share this content: