Os dois técnicos escolhidos pelo Flamengo para comandar a equipe que havia sido multicampeã sob a batuta de Jorge Jesus não conseguiram extrair o melhor dos jogadores na temporada 2020/2021.

Mas é possivel dizer que o trabalho de Rogério Ceni é pior do que o Domènec Torrent? Analisando friamente os números, sim.

Dome teve 64% de aproveitamento em 26 partidas sob seu comando ou de sua comissão. Foram 15 vitórias, cinco empates e seis derrotas.

Já Rogério soma quatro vitórias, quatro empates e quatro derrotas, com 44,4% dos pontos possíveis conquistados em12 partidas.

O levantamento precisa levar em conta que, embora tenha tido menos tempo para trabalhar até agora, Ceni teve mais dias livres para tal. E o elenco completo, sem surto de Covid-19 ou sucessão de lesões, como o antecessor.

Fato é, portanto, que Dome conseguiu extrair dos jogadores um futebol mais competitivo e mais bonito. Apesar das reclamações sobre erros defensivos, que culminaram com sua saída após duas goleadas – Atlético-MG e São Paulo.

Agora, é preciso também relativizar. O espanhol finalizou sua passagem deixando impressão ruim sobre seus métodos. E há quem diga no Flamengo que os números só foram possíveis em virtude da postura do time.

Ao notar que Dome teria dificuldade de implementar suas ideias, os principais jogadores do Flamengo, como Éverton Ribeiro, Gerson, Bruno Henrique, Arrascaeta e Pedro – Gabigol passou bom tempo lesionado – chamaram a responsabilidade em campo.

É exatamente o que falta ao trabalho de Rogério Ceni. Em que pese as boas ideias e a identificação com o elenco na aplicação das mesmas no dia a dia, o técnico não consegue fazer o time render quando a bola rola para valer.

Nos jogos, o trabalho de Ceni é pior que o de Dome com boa distância. E é quando vale três pontos que ele é avaliado, por torcida, dirigentes e imprensa. Nas partidas, o Flamengo de Ceni é menos intenso e menos competitivo. Tanto na recuperação da bola no ataque, que Dome pedia escalando o time para a marcação alta. Quanto na capacidade de criação com a posse de bola. Faltam ideias. Ou pelo menos saber como aplicá-las.

Em termos táticos, de forma geral a estrutura do Flamengo é parecida. Gerson é o homem que organiza as jogadas, com Éverton Ribeiro aberto na direita, Bruno Henrique na esquerda, e Arrascaeta por dentro ao lado de um centroavante – Gabigol ou Pedro.

Com Ceni, percebe-se que os laterais sobem bem menos ao ataque, e não são tão efetivos. Mas o técnico não barra os principais jogadores. Sob o comando de Dome, Arrascaeta e Gabigol esquentaram o banco quando o treinador achou que eles não renderiam tão bem fisicamente.

Mas vale ressaltar que internamente o trabalho do espanhol ficou mal visto, e a herança foi uma equipe com defasagem física, técnica e tática. Que através do talento antes resolvia. Agora…