Xodó da torcida do Flamengo, o Estádio José Bastos Padilha, mais conhecido como estádio da Gávea, completa, nesta quinta-feira, 20 anos sem jogos oficiais. No dia 27 de abril de 1997, o Rubro-Negro venceu o Americano por 3 a 0, pelo Campeonato Carioca. Desde então, houve muitas promessas e sonhos de construção de arenas no local, mas nada saiu do papel.
Enquanto aguarda uma nova licitação pelo Maracanã, o Flamengo sonha, paralelamente, em construir um estádio de pequeno porte na Gávea, onde possa mandar partidas de pouco apelo. O clube estreitou laços com a Prefeitura do Rio e vem mantendo contato frequente com o prefeito Marcelo Crivella para tocar um projeto.
O presidente Eduardo Bandeira de Mello confia que é possível sonhar com um estádio na Gávea.
– Claro de sim (é possível). Sempre foi sonho da torcida do Flamengo ter um estádio na Gávea. Agora, o prefeito (Crivella) está sensível às reivindicações da torcida do Flamengo. Tenho certeza de que ele vai aprovar o nosso projeto e vamos partir para a construção do nosso estádio lá na Gávea – disse o mandatário rubro-negro ao LANCE!.
Atualmente, a estrutura recebe jogos das categorias de base e também partidas de futebol feminino. O Flamengo vê a Gávea como estádio ‘sucessor’ do Luso-Brasileiro, que está alugado pelo Rubro-Negro por três anos.
O vice-presidente geral do Flamengo, Mauricio Gomes de Mattos, afirma que o impacto provocado pelos jogos do clube na Gávea seria ‘pequeno’.
– Isso é um direito do Flamengo, o clube tem um estádio na Gávea, já jogou lá com mais de 20 mil pessoas. O clube tem uma condição de fazer jogos lá, a diferença de colocar mil, sete mil ou 40 mil é um projeto. A Gávea não precisa de estacionamento, precisa de acesso viário e isso tem. A Gávea tem metrô e ônibus. O impacto seria muito pequeno em relação a todas essas condições viárias que a Gávea proporciona – analisa.
Associações de moradores são contrárias à ideia
As associações de moradores dos bairros no entorno do estádio são contrárias à ideia de reativar a estrutura na Gávea. O presidente da Associação de Moradores da Fonte da Saudade e Adjacências (Amofonte), Rafael Szabo, explica sua posição.
– Sou contra, assim como outras associações. Há um impacto no trânsito, sofremos muito com o excesso de pessoas, só temos duas pistas principais. Fica um inferno no fim do ano com a árvore de Natal. Imagina isso o ano inteiro, mesmo sendo esporádico. Não é só o barulho, é o entorno do estádio – comentou.
Para amenizar as reclamações e buscar um meio-termo junto às associações de moradores, o Flamengo tem um projeto de isolamento acústico no estádio. A ideia é construir uma estrutura que seja capaz de receber cerca de 20 mil torcedores.
Vice crê ser possível convencer associações de moradores
Apesar das associações de moradores locais serem contras à reativação da Gávea, o vice-presidente geral do Flamengo, Mauricio Gomes de Mattos, acredita que é possível mudar a situação. Ele lembra o caso do Shopping Leblon.
– Tenho certeza de que as associações de moradores mudariam de opinião conhecendo o projeto. Antes, o Shopping Leblon recebia muitas críticas. Agora, é uma realidade. Antes, diziam que iria congestionar o bairro – pondera.
HISTÓRIA
O estádio da Gávea começou a ser construído em 1933. A partida de estreia ocorreu somente cinco anos depois, mas não exatamente uma festa para o Flamengo. Os donos da casa foram derrotados pelo Vasco por 2 a 0.
De acordo com o blog ‘Flamengo Alternativo‘, a Gávea recebeu 203 jogos oficiais. Foram 167 vitória do Rubro-Negro, 20 empates e apenas 26 derrotas. Além disso, foram 19 jogos não oficiais, com 10 vitórias, três empates e seis derrotas. Ainda segundo o portal, Pirillo é o maior artilheiro da ‘casa’, com 71 gols. Romário é o quarto maior goleador, com 31 gols.
Na década de 90, o estádio recebeu alguns eventos e shows. Em 2011, a torcida lotou a Gávea pela última vez, na apresentação de Ronaldinho Gaúcho. Mais de 20 torcedores tomaram o gramado e ouviram o R10 declarar ‘Agora sou Mengão’.
Share this content: