O sétimo lugar alcançado pelo Vasco no Brasileiro deixou-o em uma embaraçosa situação. Para queimar uma etapa e entrar direto na Libertadores, sem a necessidade de disputar uma fase preliminar da competição, o clube de São Januário precisa torcer para que seu maior rival, o Flamengo, seja campeão da Sul-Americana, o que abriria uma vaga na elite dos participantes do mais importante torneio do continente.
Torcer ou não pelo histórico rival, nos jogos da próxima quarta e do dia 13, contra o Independiente? Eis a questão. O maior ídolo da história do Vasco, Roberto Dinamite, não consegue disfarçar o constrangimento ao comentar o assunto.
– Vou ver os jogos do Flamengo, mas não vou torcer. Se acontecer de levarem o título, ótimo para o Vasco. Se não, o Vasco vai buscar a vaga sem depender de ninguém. Não vou estar ali, na frente da televisão, torcendo, não, mas admito que a conquista rubro-negra facilitaria a vida do Vasco – diz Roberto.
Já os ex-jogadores Felipe e Geovani, ídolos do clube, não driblam a questão. Matam no peito o constrangimento e anunciam: vão torcer pelo Flamengo.
– Vou torcer, sim. É um time carioca, ué. O que seria do Vasco sem o Flamengo e do Flamengo sem o Vasco? A rivalidade entre torcidas, quando não há violência, é gostosa. Se não houvesse a rivalidade, os times do Rio já teriam acabado. Não vejo problema em torcer pelo Flamengo. E o Vasco, entrando direto na Libertadores, ainda ganha mais tempo de preparação – destaca Geovani, ídolo dos anos 80.
– Não vejo problema nenhum em torcer para o Flamengo – afirma o ex-lateral Felipe, sem firulas: – O Vasco vai ganhar mais tempo para treinar e, com isso, sem tanto desgaste, a equipe pode crescer ao longo da competição. Na Pré-Libertadores, não se tem o direito de errar.
Já a cantora Teresa Cristina mantém a rivalidade no pódio do seu coração. Ela prefere ver o Vasco subindo degrau por degrau da Pré-Libertadores a comemorar o sucesso rubro-negro.
– Não vou torcer para o Flamengo coisa nenhuma. O Vasco estava lá na zona de desespero e terminou em sétimo. Quero que meu time ganhe a Libertadores, mas quem quer ser campeão tem que ir vencendo logo. Não há justiça no futebol. Como é que o Botafogo fica fora, e o Flamengo, que gastou milhões, entra por causa de um pênalti aos 48 minutos do segundo tempo??? Ah, sei lá…
O compositor Aldir Blanc, também cruz-maltino, já torceria de qualquer forma pelo Flamengo, mas sem empolgação. A preocupação maior é mesmo o Vasco: que bola o seu time de coração vai apresentar na Libertadores? Outras inquietações para o futuro são a Copa da Rússia e o discurso de Tite.
– Eu, seguindo Ruy Castro, costumo torcer, sem euforia, para todo e qualquer time brasileiro. E isso não tem nada a ver com o Vasco. Torci pelo Grêmio, mesmo sendo colorado. Não chego a soltar fogos mas prefiro, na ordem, cariocas e brasileiros. Gosto do Zé Ricardo, ótimo técnico jovem, da geração de Jair Ventura, mas me pergunto o que o Vasco vai fazer na Libertadores. Falta quase tudo. ‘Jeurico’ (o presidente Eurico Miranda) ainda não aprendeu que futebol se joga com onze mais um bom banco. Não gosto nem de pensar no sofrimento que os vascaínos têm pela frente por causa das filhas, netas, netos e bisneto. Eu, sinceramente, já estou meio de olho na Rússia e olhe lá. Tite está falando muito. Parecem frases do Paulo Coelho…
Fonte: https://oglobo.globo.com/esportes/vascainos-estao-divididos-torcer-ou-nao-pelo-flamengo-22146864
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