Fabricio Carpinejar: “Diego não é carniça, calma aí”

Futebol revela o melhor e o pior da condição humana.

Torcedores comemorarem a lesão de um atleta para que ele não seja mais escalado é a mais pura falta de noção. É desprezível.

Não é um momento de piada. Até os urubus esperam o fim de vida para beliscar a carne.

Comentários festejando a fratura do craque Diego do Flamengo na partida contra Emelec na quarta (24/7), no Equador, demonstra que sempre é possível descer mais um degrau na ingratidão.

Diego defendeu a camiseta rubro-negra com vontade. Se errou ou acertou, deu o que podia ou o que acreditava. Revelou ser leal na vitória e na derrota. Nunca se escondeu de entrevistas, mesmo quando cobrou bisonhamente o pênalti nas oitavas de final de Copa do Brasil. Ele não é culpado por um título da Libertadores que não vem há 38 anos. Nem era nascido.

Campeão da UEFA, duas vezes campeão brasileiro, ele é um armador astuto, inteligente, articulado, que fez lenda onde se fardou, da vila Belmiro a Portugal, da Alemanha a Itália.

Não subestime um homem com orgulho ferido. Já chega o seu tornozelo esquerdo machucado, não é necessário pisar nos brios dele, na história dele, na reputação dele.

Não podemos esquecer também que recém experimentamos o luto pelas dez promessas da categoria de base, vítimas de incêndio em fevereiro, no Centro de Treinamento do Flamengo. Não passaram sequer seis meses para apagar a tragédia e brincar com a saúde de um jogador.

Há o compromisso de vingar a morte precoce desse jovens rubro-negros oferecendo um pouquinho da fé. Só um pouquinho.

Se alguém pensa que Diego vai se aposentar com 34 anos depois de uma nova cirurgia, está enganado. Ele voltará mais faminto. Daqui a um ano ou alguns meses. Porque futebol é contrariar as expectativas. E a esperança não tem idade.

Fabricio Carpinejar

Fonte: https://colunadofla.com/2019/07/fabricio-carpinejar-diego-nao-e-carnica-calma-ai/

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