Flamengo joga mal e precisa vencer em casa para classificar

Virou moda no futebol dizer que um determinado time “soube sofrer” durante uma partida, referindo-se à capacidade de suportar a pressão adversária. Mas quem está tendo que aprender a lidar com o sofrimento é o torcedor do Flamengo. Não pelo fator emoção nos jogos rubro-negros, mas porque a cada apresentação na Libertadores só aumenta a exigência de paciência com um time onde inspiração e organização passam longe. Ontem, contra o Santa Fe, na Colômbia, foi mais uma exibição de doer os olhos. Menos mal que o placar foi 0 a 0 e a situação ainda não ficou complicada no Grupo 4 da competição.

A liderança momentânea da chave passa longe de ser motivo para empolgação. Alguns podem pensar que, olhando as campanhas anteriores, já é lucro o fato de o Flamengo não ter perdido nas duas partidas que fez fora de casa. No entanto, o intrigante é que, no papel, o time tem condições de render muito mais, só que as exibições — diante de rivais menos dotados de talento — têm sido de uma pobreza colossal.

Contra o Santa Fe, o Flamengo patinou muito, tanto no sentido literal quanto no figurado. As derrapadas dos jogadores em campo se combinaram a um descompasso tático e técnico que fez o time não conseguir levar perigo ao adversário. O repertório rubro-negro só contou com bolas longas, cruzamentos desesperados para a área e um vácuo de ideias, mesmo quando o Santa Fe dava espaço para criação.

Acerto de passes foi artigo de luxo, sobretudo no primeiro tempo. O gramado do estádio em Bogotá tem dimensões que não fogem ao padrão estabelecido pela Fifa, mas parecia que a distância entre os jogadores do Flamengo, sobretudo meias e atacantes, era de quilômetros. Willian Arão, em tese, entrou como titular para facilitar a saída de bola do time e aliviar a vida de Diego, que fisicamente não está no auge por voltar de lesão. Mas não foi isso que se viu, já que o camisa 5 passou muito tempo enfiado entre as linhas defensivas colombianas e não veio dar suporte na articulação. O próprio Diego também tomou uma série de decisões equivocadas. O “ritmista” não manteve o time afinado e não se entendeu com os companheiros articuladores. Não que ele tenha culpa sozinho, mas espera-se muito mais dele na hora de pensar a partida.

Para completar o sofrimento proporcionado pelo mau jogo do Flamengo, Vinícius Júnior também teve pouco sucesso nas jogadas individuais e mostrou afobação em alguns lances, sobretudo na hora de escolher o destino dos cruzamentos pela ponta esquerda.

Para um anfitrião, o Independiente Santa Fe não exigiu tanto defensivamente do Flamengo e isso atenuou a situação rubro-negra. Tirando a parte inicial do primeiro tempo, quando a equipe colombiana ensaiou um sufoco nas bolas pelo alto, houve uma dose de passividade e mornidão no time da casa. Apesar disso, eles têm o direito de reclamar de um pênalti não marcado quando Henrique Dourado, dentro da área, usou o braço esquerdo para bloquear um chute do adversário.

No segundo tempo, o Fla acrescentou à falta de inspiração uma dose de preguiça. Mesmo com muito tempo a ser jogado, o time aparentou estar satisfeito com o placar sem gols na condição de visitante. Ficou mais chato de ver.

Do banco, Barbieri via a atuação decepcionante e entendeu que o problema era o centroavante. Assim, o técnico sacou Henrique Dourado e colocou Geuvânio. Paquetá passou a ser a figura centralizada, mas o cenário de terror continuou. O próprio Geuvânio chegou a fazer um gol, mas em uma decisão imprudente, o árbitro encerrou a partida segundos antes, no momento em que o atacante roubava a bola do adversário, já na entrada da área.

Com o empate e os seis pontos conquistados em quatro rodadas, vencer o Emelec, no Maracanã, passa a ser obrigação para alcançar a classificação e diminuir o sofrimento do torcedor.

Fonte: https://oglobo.globo.com/esportes/flamengo-joga-mal-precisa-vencer-em-casa-para-classificar-22628623

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