Matheus Brum: “Precisamos falar sobre Paquetá e Vitinho”

FOTO: GILVAN DE SOUZA/FLAMENGO

Olá, companheiros e companheiras de Coluna do Flamengo. Hoje tem mais uma partida do Mais Querido e, diante das últimas atuações, a possibilidade é de mais um sofrimento. No entanto, em vez de ficar sofrendo por antecipação, vou utilizar este espaço pra poder falar sobre dois jogadores que estão sendo criticados nos últimos jogos, Lucas Paquetá e Vitinho.

Pra efeito de comparação entre os dois, vou utilizar os dados do Campeonato Brasileiro. Por quê? São mais completos. Como os jogos acontecem com uma periodicidade maior é mais fácil seguir uma linha linear de raciocínio, trazendo os números pro que é apresentado em campo.

Dito isso, vamos aos fatos: Paquetá foi vaiado por parte da torcida no último jogo. De fato, há tempos o futebol do camisa 11 mudou. Parece que o sucesso subiu à cabeça. Ser considerado o melhor jogador de um plantel caro e estrelado está cobrando seus efeitos colaterais. É um toque a mais pro lado, um drible no meio-campo, um passe de efeito, uma jogada individual. A sensação é que o meia sempre tenta fazer o mais difícil, seja pela plasticidade ou simplesmente pra tirar onda.

No entanto, as vaias são totalmente desnecessárias. Precisamos acabar com a cultura de que o jogador é bom em um jogo e ruim no outro. Apesar da queda de rendimento, acompanhada por todo o time, os números mostram que o jovem meia é um dos, se não o jogador mais importante da equipe.

Resumidamente, em 20 jogos que fez no Brasilerão, é um dos jogadores mais ativos ofensivamente. Além dos seis gols (artilheiro do time), é o jogador que mais finalizou (62), e o que mais deu terceiros e quartos passes (25 e 19), respectivamente. Ou seja, como atua em uma faixa de campo grande, participa ativamente da construção das jogadas, tanto pra finalizar, quanto pra servir os companheiros (é o quarto da equipe, com 25 passes pra finalizações).

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Mapa de calor contra o Ceará, mostra como Paquetá participa bastante do jogo. É o segundo com mais porcentagem de passes certos, 89%, ficando atrás apenas de Renê.

No quesito defensivo, Paquetá também se destaca. É o terceiro que mais desarma (55), ficando atrás de Cuéllar e Renê, e o quinto com mais rebatidas.

De qualquer maneira, assim como todo profissional, merece e deve ser cobrado quando está atuando abaixo do seu potencial. Entretanto, a torcida também deve ter paciência. Como disse acima, não pode sair proferindo que é o melhor ou pior do mundo por causa de uma grande ou péssima atuação. Por ser um menino novo, vai precisar passar por situações ruins pra poder se estabilizar e ser mais regular. A ida pra Seleção Brasileira e uma boa conversa com o Tite pode ajudar a resolver este problema.

Finalizado o assunto Paquetá, vamos pro outro, desta vez mais complicado: Vitinho.

Cria do Botafogo, contratação mais cara da história do Flamengo (R$40 mi), até agora não mostrou a que veio. Desde a última peleja, viralizou nas redes sociais um tweet falando que outros jogadores que chegaram no meio do ano, inclusive estrangeiros, estão jogando melhor que nosso camisa 14. E que por ser brasileiro não precisaria deste tempo de adaptação.

No entanto, pra quem pensa assim, devo lembrar que tal comparação aconteceu na chegada do Éverton Ribeiro. Depois das primeiras partidas, muitos começaram a pedir a cabeça do camisa 7, inclusive pra que ele fosse banco do Berrío (DO BERRÍO). O tempo passou e hoje é um dos principais jogadores da equipe.

O início de Vitinho não é ruim. Talvez, pela expectativa criada, esperava-se mais. No entanto, alguns dados são interessantes. Mesmo com apenas seis jogos no Brasileirão, tem a terceira melhor média de finalizações do plantel (2,17 chutes por jogo), segundo jogador que mais sofre falta (1,83 por partida), o que mais dribla (1,67) e o quarto que mais cruza bolas na área (4,5). Pelo lado defensivo é o quinto com mais desarmes por jogo (2,67).

Mas, se por um lado há números ótimos, há alguns ruins. É o terceiro com pior média de passes (82,1%) e o segundo que mais perde a bola (6,17 por partida).

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Ao contrário de Vinícius Júnior, Vitinho não faz tanto a função de fundo. Desse jeito corta pro meio e atua, de vez em quando, na faixa central da intermediária ofensiva

Ao analisar estes dados, podemos chegar a conclusão de que é preciso mais tempo pro atacante se adaptar e entrosar com os companheiros. Querendo ou não, o camisa 14 faz uma função da desempenhada por Vinícius Júnior, que também estava mais acostumado com o elenco e a nossa forma de jogar.

O certo mesmo é que todo o time sofreu uma queda de rendimento. E não podemos nos apegar à história de que se um jogador faz falta, o time não atua da mesma forma. No futebol de hoje, isso não pode mais acontecer.

É necessário que Barbieri e toda a comissão técnica pense em formas de melhorar o desempenho da equipe pra que possamos voltar a vencer e a disputar os títulos que anda nos restam neste ano. Mas, de uma coisa, tenho certeza: não será vaiando ou hostilizando pelas redes sociais, que a situação irá mudar.

Matheus Brum
Jornalista
Twitter: @MatheusTBrum

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Fonte: http://colunadoflamengo.com/2018/09/matheus-brum-precisamos-falar-sobre-paqueta-e-vitinho/

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