Com o Palmeiras em vias de sagrar-se campeão nacional e o Fluminense em situação delicada na semifinal da Sul-Americana – perdeu o jogo de ida para o Atlético-PR por 2 a 0 -, os quatro grandes do Rio de Janeiro caminham para encerrar mais uma temporada sem conquistas relevantes. A última taça nacional/internacional de um carioca foi a Copa do Brasil de 2013, celebrada pelo Flamengo. Lá se vão cinco anos de seca, frustrações e sofrimento para as maiores torcidas do RJ, que não há muito detinham o posto de potências do país.
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Desde a virada do milênio (2000-hoje), os quatro grandes do Rio de Janeiro somam, juntos, somente nove títulos nacionais/internacionais de expressão: 4 Campeonatos Brasileiros, 4 Copas do Brasil e 1 Mercosul. Neste mesmo espaço de tempo, o Cruzeiro soma sozinho sete troféus relevantes. A partir destes números, questionamos: em que momento o futebol carioca se tornou tão fragilizado e pouco competitivo? O que foi preponderante para o nítido declínio técnico e estrutural dos clubes cariocas em questão de décadas?
Uma série de fatores em conjunto podem explicar o panorama atual de decadência. A começar pelo macro: a cidade do Rio de Janeiro vive, nos últimos anos, uma crise político-financeira de grandes proporções, cenário que obviamente atinge microestruturas sociais como o futebol. Escassez de recursos do Estado e violência urbana transformam o esporte em um lazer secundário, diminuindo o interesse popular em consumir futebol. Menos gente no estádio = menos receita e mais dívidas. Mas essa explicação ainda não é suficiente.
Os abusos financeiros de antigos gestores gerando heranças deficitárias “empurradas com a barriga” por seus sucessores; a corrupções das entidades que gerenciam o futebol carioca e a continuidade do prestígio aos “abutres” que enxergam o esporte apenas como meio de poder e enriquecimento (Eurico Miranda, por exemplo); a preocupação tardia com infra-estrutura e o baixo investimento direcionado aos aparatos fundamentais para o desenvolvimento da prática esportiva: CT de ponta e tecnologia para prevenção e recuperação de jogadores; descaso com o futebol de base, visto pelos clubes cariocas apenas como potencial mercadológico (lucro com negociações futuras ao futebol estrangeiro);
Sentindo a “água batendo no pescoço”, o Flamengo de Eduardo Bandeira de Mello (2013-2018) iniciou um processo complexo e profundo de quitação de dívidas, com o objetivo de tonar o clube saudável financeiramente. A sobrevida no caixa rubro-negro, com potencial de investimento muito maior agora, pode e deve gerar frutos futuros – essa é a expectativa do torcedor -, já que o sucesso administrativo da atual gestão (se encerra em dezembro deste ano) não veio acompanhado das glórias esportivas fundamentais para um clube gigante.
Na contramão do clube da Gávea, seguem Botafogo, Fluminense e Vasco, imersos em atrasos salariais – o Tricolor carioca, por exemplo, deve aproximadamente R$ 9 milhões ao elenco atualmente –e constantes lutas contra o rebaixamento. Gestões éticas, profissionais e comprometidas com a lisura e transparência institucional são urgentes para o resgate destes clubes, antes que seja tarde demais. Camisa pesada não é garantia de imortalidade, e o sinal já está vermelho nas Laranjeiras, em São Januário e em General Severiano.
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