No jogo de gato e rato do Brasileirão, o Atlético-MG segue na frente mantendo uma distância razoável do Flamengo. Nos últimos seis jogos, o rubro-negro teve a chance de reduzir a desvantagem em três oportunidades. Em todas elas, os cariocas já sabiam o resultado do adversário, que entrou em campo antes ou no mesmo horário nas últimas rodadas.

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Na próxima rodada, finalmente o roteiro vai se inverter. O Flamengo fará o clássico com o Fluminense no próximo sábado à noite; o Atlético só joga no domingo contra o Cuiabá, no Mineirão. Mas, afinal, faz alguma diferença jogar sabendo o resultado do rival direto na briga pelo título brasileiro?

Em termos práticos, não. Uma vez que os times não podem controlar a performance e os resultados um do outro. Porém, na reta final, a psicologia esportiva vê alguns elementos internos que podem influenciar nas atuações do grupo em campo e, consequentemente, no placar.

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Victor Cavallari, do projeto Núcleo Score de psicologia esportiva, explica que a percepção do estresse nos momentos decisivos pode responder por quedas de rendimento.

– Isso vem de um desequilíbrio da demanda e a percepção do indivíduo em lidar com isso. Ou seja, num campeonato de pontos corridos, todos os jogos são decisivos e valem o mesmo. Porém, quando ele se aproxima do final, a percepção da importância do jogo aumenta. Como manejar isso e não elevar tanto essa percepção do estresse é um dos pontos principais que os times devem trabalhar para não ter impacto no resultado – declara.

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Por mais que um time não tenha controle sobre o desempenho do outro, essa percepção subjetiva também entra em jogo quando se sabe o resultado de antemão e a vitória se torna ainda mais fundamental para o objetivo final.

– A demanda aumenta a percepção do estresse e a pressão sobre os dois times – diz.

Uma forma de trabalhar essas questões com o grupo é eliminar o foco simplesmente no resultado. Concentrar os esforços, sobretudo, no que é necessário fazer para ter um bom desempenho em campo. O placar será consequência disso, afirmam os especialistas.

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O Atlético-MG tem um desafio ainda maior do ponto de vista psicológico. Enquanto o grupo do Flamengo vem de dois títulos seguidos, com alguns jogadores estreantes na temporada, os mineiros carregam um jejum de quase 50 anos.

Ninguém do elenco sequer era nascido na época do único título brasileiro do Atlético-MG, em 1971, porém a cobrança vem da torcida e da própria instituição.

– É um combustível para contaminar o elenco positivamente também. Quem faz esse meio-campo entre as cobranças internas e externas e o que chega aos jogadores sempre foi o treinador. Porém, hoje em dia com as redes sociais, os atletas já recebem cobranças diretas e precisam se proteger disso – explica.