Técnico do Fla na Copa SP valoriza trabalho na base e relembra carreira

Em maio de 2016, o então treinador da equipe sub-17 do Flamengo, Gilmar Popoca, foi convidado para suceder Zé Ricardo, de forma provisória, no elenco sub-20 do clube. Com a manutenção de Zé na equipe principal, Popoca também foi mantido e, sete meses depois, o comandante está a um passo de estrear na competição mais importante de sua carreira de técnico: a Copa São Paulo. Mas quem é esse profissional escolhido para comandar o Fla na busca pelo bicampeonato da Copinha?

Ao GloboEsporte.com, Popoca expôs momentos profissionais – ou não – de sua vida. Manauara, ele foi descoberto pelo rubro-negro carioca aos 15 anos, quando sua relação com futebol era restrita a peladas de asfalto.

Quando criança, eu fazia muita coisa legal. Tinha liberdade
de jogar minhas peladas na rua mesmo, no asfalto, descalço. Eu morava na (rua)
Epaminondas, estudada no Dom Bosco. Vivia na rua. Eu era um moleque de rua. Não
gostava de bola de gude, peão, não era muito chegado a essas coisas. Meu
negócio era jogar futebol – ilustrou.

Muito jovem, mudou-se para a capital carioca e passou por todas os times da categoria de base até se profissionalizar pelo clube. Quando não estava treinando ou estudando, costuma curtir a noite. Ele nunca gostou de beber ou fumar, o vício era outro: as mulheres.

Único vício que eu tinha na época de jogador era as mulheres. Gostava muito de
namorar. Nunca fui de beber, nunca fui de fumar. Gostava de sair normalmente, mas sempre tive
consciência de que não era válido perder uma noite de sono. Eu era muito
tranquilo em relação a isso. Nunca me envolvi com drogas. É raro ver jogador
que não bebe, mas eu gosto mesmo é de refrigerante. Fui criado em Manaus bebendo
refrigerante – disse.

Fase de adaptação no Rio de Janeiro

A adaptação no Rio de Janeiro não foi fácil. Sozinho, ele morou, por algum tempo, no quartinho dos fundos de um amigo de outro amigo dos pais. Às vezes, era obrigado a pegar o trem para ir à escola, muito distante de casa e do Ninho do Urubu.

Sempre é difícil se adaptar. Principalmente no começo.
Sempre fui criado em família. Meus pais são muito importantes para mim. Fui me
adaptando ao Rio, fui crescendo, eu fui a luta mesmo. Fui aprendendo as
malandragens do Rio de Janeiro. E hoje são quase 45 anos de Rio de Janeiro – ilustrou.

– Uma coisa que meu pai e minha mãe sempre exigiram é que eu
estudasse. Treinava de manhã e estudava à tarde. A escola era longe, tinha que
pegar trem. Eu terminei meu colegial todo, depois passei para UFRJ e não dei
continuidade em Educação física. Quando finalizei minha carreira de jogador,
prossegui na universidade e hoje sou formando em educação física – acrescentou.

Aposentadoria e carreira de treinador

Mesmo depois da aposentadoria nos gramados, o amazonense jamais abandonou o esporte. Prova disso é a formação acadêmica em Educação Física, na UFRJ. Com diploma, ele voltou-se a carreira de treinador e, mais uma vez, foi acolhido pelo Flamengo. No time carioca, ele comandou o time sub-13, sub-15 e, mais recentemente, o sub-17. Mais que treinar, ele gosta de dizer que é responsável pela formação desses jovens.

Quando se trabalha na base, não é bom apenas ser técnico de
futebol, é preciso ser formador. Educar os meninos, mostrar a realidade tanto
dentro quanto fora de campo. Eu, por ter vivenciado tudo, converso com eles.
Conto dos desafios que enfrentei no dia a dia, converso sobre as falsas
amizades, porque às vezes elas podem destruir uma carreira. Nem todas as
pessoas têm controle pela bebida, e tudo começa pela bebida. Eu falo para eles
tomarem cuidado. Porque a fama vem, as mulheres vêm, a bebida vem junto… Eu
converso para que eles não deixem a nova vida tomar conta deles – acrescentou

Flamengo na Copinha

Atual campeão da Copinha, o Flamengo integra o grupo 23 da Copinha, ao lado de Central-PE, São Bento e São Caetano. A trajetória em busca do bicampeonato começa nesta quinta, diante dos pernambucanos. Apesar do plantel jovem e reformulado, Popoca espera um bom desempenho no torneio.

A garotada que temos é muita nova. Durante os sete meses no
comando do sub-20, é a segunda vez que formamos uma nova equipe. Tivemos perdas
após o Carioca, pois 50% do time saiu, então tive que privilegiar os mais
jovens. Vou com uma equipe a São Paulo com atletas de primeiro ano de sub-20. Tenho
um ou dois atletas que estão no último ano de juniores. Tenho seis atletas do
sub-17, mas tenho muita confiança nos meninos. Tenho uns atletas que estão comigo
desde o sub-13. É um campeonato difícil, que a experiência conta bastante.
Vamos buscar o nosso espaço, e o título é consequência – finalizou.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/am/futebol/noticia/2017/01/tecnico-do-fla-na-copa-sp-valoriza-trabalho-na-base-e-relembra-carreira.html

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