Da Baixada à Roma, Gerson retorna para fazer história no Flamengo e lembra dificuldades na …

Conheça a trajetória de Gerson até se tornar destaque no Flamengo

Gerson Santos da Silva tem apenas 22 anos. O curinga do Flamengo passou por dificuldades na infância, mas nunca desistiu. Nem quando foi aprovado para jogar nas divisões de base do Fluminense. Mesmo sendo torcedor do Flamengo, sempre se empenhou em campo e honrou a camisa tricolor.

Vendido à Roma em 2016, estava emprestado à Fiorentina e caminhando para o quarto ano de contrato, quando surgiu o Flamengo e a chance de voltar. O então futuro camisa 8 do time de Jorge Jesus não pensou duas vezes e veio finalmente realizar o sonho de criança, época em que, às vezes, faltava dinheiro até para treinar.

– Não tenho vergonha de falar de todas as dificuldades que eu e minha família passamos para me manter no futebol. Meu pai trabalhava em diversos empregos. Às vezes, não tinha dinheiro pra treinar, e a gente queimava fio pra vender o cobre. Foi uma infância difícil, mas de muita felicidade. Todo mundo era feliz, mesmo muitas vezes com pouca comida pra comer…Na rua era só felicidade. As pessoas queriam o meu bem – contou.

Gerson – meio-campo Flamengo — Foto: Sergio Lobo

Confira a entrevista com Gerson:

Você esperava em tão pouco tempo alcançar o sucesso jogando e conquistando títulos no Flamengo?

Esperava que sim. Jogar bem aqui e poder um dia ficar marcado na história do Flamengo. Foi muito rápido e fico muito feliz por ter me encaixado rápido e me adaptado. O grupo que temos aqui fica fácil pra quem chega se enquadrar e ter tranquilidade de jogar.

Você esqueceu a paixão pelo Flamengo quando se tornou profissional pelo Fluminense?

No começo, quando surgiu a chance de jogar no Fluminense, eu não queria ir. Só queria jogar no Flamengo. Meu pai mandou eu ir e chegou até me bater várias vezes. Nunca deixei de ser Flamengo, mas dentro de campo sempre fiz o meu melhor para o Fluminense. Depois quando tive a oportunidade de vir pra cá, pude me abrir e falar o que eu sou e o que sinto.

Não vejo problema nenhum. Desde o primeiro dia que estou aqui sempre agradeci ao Fluminense, mas o meu time e da minha família toda é o Flamengo. Foi a melhor coisa da minha vida, da minha carreira jogar no time do meu coração, ainda mais agora com os dois títulos que nós ganhamos e colocamos o nome na história do clube.

Quem era o jogador que você gostava na época de infância em Nova Iguaçu?

Gostava do Adriano. Outro jogador que nunca tive o mesmo estilo de jogo e gostava era o Robinho. E o Ronaldinho Gaúcho, com quem tive a oportunidade de jogar junto.

Você dá muito valor aos seus amigos da época de infância…

Dou muito valor. Na verdade, os meus amigos até hoje são aqueles que sofreram comigo desde o começo. Eu tinha dificuldade, eles também e a gente sofria junto. Todo mundo era pobre. Isso eu não vou largar nunca. Onde eu for, meus amigos vão estar comigo.

Como foi sua adaptação na Europa?

Cheguei muito mais jovem. Foi difícil. Não entendia a língua, outro ambiente. Comida diferente, tudo diferente. Queria voltar, achava que não ia aguentar. Dava um jeito de levar meus amigos. Quando podia, levava uns dois, três pra lá. Depois foi passando um, dois anos e fui me virando sozinho. Aprendi a língua sem estudar, só ouvindo as pessoas no dia a dia. E tinha a minha filha (Giovana) lá, e eu ficava triste que ela ficava muito sozinha. Mas eu tinha que aguentar. Quando estava indo para o quarto ano do contrato, falei ao meu pai que queria voltar pra aparecer no cenário do futebol. Lembro até hoje o que disse ao meu pai:

-Eu sei que você está com medo que eu volte pro Brasil. Faz o seguinte: me leva de volta que dentro de campo, cuido eu . Nunca tinha sido tão definitivo com o meu pai.

Gerson gol Fiorentina Chievo — Foto: Getty Images

Você fez algum trabalho específico para ganhar massa muscular na Europa?

Eu cheguei lá e comecei a mudar meu pensamento. Comprei equipamentos e montei uma academia na minha casa e ficava malhando. Me ajudou e me atrapalhou um pouco no começo, por que eu fico muito forte rapidamente. Biotipo da família da minha mãe é assim. Nem gosto de malhar muito. Aqui no clube não faço muito musculação.

E a seleção brasileira tem a ver com a sua volta?

Sim. Queria estar no foco. No Flamengo todo mundo vê. Lá nesse ano eu joguei bastante, mas não tem o holofote que tem aqui. Eu tinha em mente que, para chegar na Seleção, precisava estar bem no meu clube. Então eu voltei com a cabeça totalmente mudada, de alguém que quer vencer na vida e quer chegar no topo, onde o difícil é se manter.

Você ficou deslumbrado quando saiu muito jovem do Brasil?

Tive que mudar. Foi difícil minha infância, mas meus pais sempre fizeram de tudo pra me dar uma boa condição dentro das necessidades. Hoje, eu quero dar uma boa condição pra minha filha e aos meus familiares. Mudei minha cabeça, meus pensamentos. O que achava que era certo, na verdade era errado e eu mudei nesse ponto. E os meus amigos, de confiança mesmo, são os que me dizem "não" quando eu estou errado.

Como é a relação com o seu pai ?

Minha relação com o meu pai é de amigo. Foi ele quem sempre apostou em mim. Nunca teve um ponto de interrogação na cabeça dele sobre o meu futebol. Na minha já teve, na dele nunca. Só estou dando essa entrevista aqui por causa dele. Ele foi meu primeiro treinador. Fez curso de treinador e me treinava na rua. A Prefeitura ajudava com bola, equipamentos que ele conseguia.

Relação com o Mister Jorge Jesus?

Fico muito feliz de estar trabalhando com o Mister. Ele pediu a minha contratação. Desde a primeira conversa, ele disse que ia me ajudar. Sempre quer mais. Cobra muito não só de mim, mas de todo mundo. Dá dura, mas logo depois elogia.

Sobre a comemoração do "Vapo Vapo"

Quando eu fiz não sabia que ia ter essa repercussão toda. Agora onde eu vou é "Vapo" pra lá e pra cá. Todo mundo me chama de Vapo ou de Curinga, ninguém me chama de Gerson (risos).

Gerson comemorando gol do Flamengo — Foto: André Durão

Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/da-baixada-a-roma-gerson-retorna-para-fazer-historia-no-flamengo-e-lembra-dificuldades-na-infancia.ghtml

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